4.12.07

sinais


Tem dia que algumas coisas ou algum detalhe parece ocorrer com mais freqüência que no normal. Algumas vezes pelo impulso da moda. As tendências profetizadas uma temporada antes, de preferência, embasadas no clima, na predisposição das pessoas em relação às compras, aos objetos de desejo, às necessidades práticas da agenda, cores, formas, texturas... e tem dia que vemos "todos" de rosa, ou azul, ou vermelho... ou tudo rasgado, desbotado, detonado, tudo preto, blackout... tudo branco "Feliz Ano Novo!".

A coincidência em ver determinado tipo de coisa em um único dia também pode intrigar, dependendo do ponto de vista. Tem dia que parece que vemos mais pessoas gordas, ou mais pessoas altas de mais, velhos, crianças ou aleijados. Claro que se meu trajeto diário é o mesmo que de dos estudantes da escola ao lado do meu trabalho, verei sempre muito estudantes. Mas como explicar quando vi tantos aleijados em um só dia? Se estivesse inseguro, poderia achar que era um aviso do além, ou agradecer a Deus por ser perfeito... um sinal, para aqueles dias que nos achamos vítimas ou até mártires. Lições da vida.

As religiões não aceitam bem o acaso como tal. Preferem usá-lo como ações divinas. O crente, por sua vez, tem a missão de rezar com fé até ser atendido, se seu anseio for relativo aos fatos exteriores a nós. Nomes para acontecimentos até diferentes entre si, porém dissolvidos na confusa sensação de algo especial ou... divino: "Deus quis assim...", karma, dejavu, conspiração cósmica, iluminação... Todos explicados pelos mestres da teologia e dos da ciência médicas. O dejavu por exemplo, seria um frame antecipado que pegou um atalho no cérebro e assim é lido duas vazes pela consciência, dando a impressão de já ter visto antes. Isso, explicado pelos médicos. Já os espíritas dizem que é uma memória da alma, que reencarna várias vezes em busca de evolução.

É coincidente também quando vemos acontecer diante dos nossos próprios olhos, uma coisa que havíamos pensado antes. Quando alguém "tira as palavras da sua boca". Quando "adivinhamos" o que a protagonista da novela vai dizer. Quando ouvimos a música que estávamos cantando acabar de começar a tocar no rádio.

Por outro lado vem a famosa "lei de Murf" onde quando tem que acontecer, acontece mesmo fazendo macumba, jejum... vai acontecer de qualquer jeito. Não muito diferente a gripe. Sabemos que dura três dias. O caboclo vai à benzedeira no segundo ou terceiro dia e acorda no seguinte curado. Aleluia! Não dançamos mais e continua chovendo...

As bênçãos divinas são maravilhosas no momento em que mais precisamos: voltando cansado de ônibus e lá está um lugar pra sentar; a chuva cair no momento exato após acabar de chegar ao compromisso ou em casa; ficar invisível para trombadinhas...

E parece que as explicações existenciais são insuficientes para, de fato, desvendar o grande mistério do encontro. Ouvia dizer na infância que quando trombamos com algum desconhecido, é porque este foi seu irmão na outra encarnação. Fica ainda mais melancólico pensar naqueles que só vemos uma única vez na vida. E a alma gêmea? A "cara metade"?

A cisma continua e se agrava com o avanço da idade. As superstições de chinelo virado, não passar por debaixo de escada, o gato preto, o copo quebrado... até o que vamos somando à nossa simbologia paranóica. As coisas que caem (eu mesmo dei esse nome para quando coisas caem da nossa mão ou de lugares, avisando o sinistro também na vida), não falar dos planos com terceiros, não dormir sem camisa... E também todas as rezas para desfazer os feitiços. Bater na boca três vezes, após sair uma asneira grave (para o místico, as palavras têm poder de formatar o plasma), dar os três pulinhos após achar o pedido, "ta amarrado, em nome de Jesus!", "benza a Deus!", "ta repreendido...".

Acontece que precisamos encaixar as coisas e seus acontecimentos. Dar importância para qualquer coisa é integrá-la ao restante do nosso universo. Sabemos de lógicas como "início, meio e fim", "nascer, crescer e morrer", causa e conseqüência... e com isso capinamos nossas vidas, a dos outros e até do restante da natureza. "Leva o guarda-chuva!".

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